Confesso que quando comecei a escrever estas folhas imaginei que haveria umas quatro ou cinco pessoas visitando-as a cada dia. E isso já estaria muito bom no sentido de ajudar um pouco na reflexão de certos aspectos da vida e do Dhamma. Ontem, seis dias após seu início, o site apontou 190 visitantes em um só dia. Certamente surpreendente. Primeiramente, agradeço pelas visitas (deixem um comentário aí do lado ou embaixo da folha se quiserem). Puxem uma almofada, sentem-se, tomem um pouco de chá, como eu estou fazendo agora, com um copo de chá verde gelado batido com abacaxi ao me lado. Já experimentaram a combinação?
E há a famosa estória do professor universitário que vai visitar o mestre e, ao invés de escutar, começa a discursar sobre teorias e doutrinas. O mestre oferece chá, mas não cessa de encher a xícara do professor até que este finalmente percebe que ela está transbordando. O ensinamento? É preciso esvaziar a xícara antes de receber ou aprender qualquer coisa. Bem, as folhas não têm a intenção de ensinar nada, mas somente colaborar com alguma reflexão; nada pretencioso. Mas, mesmo assim, sempre é bom aparecer com a xícara vazia. Isso significa também vir sem expectativas, para não correr o risco de encontrar algo de que não se gosta, vez ou outra.
Enfim… e o que é esse título? Seria uma data? Ou seria o nome de um personagem de ficção científica escrito erroneamente? Lançar uma entrada 7/10 no dia 9 de setembro não seria muito apropriado. E, não, esta folha não é sobre o personagem ‘Sete de Nove’ da série Voyager.
Sete de Dez, ou melhor, sete entre dez são os brasileiros que não sabem ler corretamente segundo uma pesquisa divulgada ontem. Ou seja, sete entre dez pessoas ou simplesmente não sabem ler ou sabem, mas não entendem bem o que lêem. Nada muito surpreendente, considerando as condições do país. Mas isso é notícia nos telejornais. Ocorrem-me duas coisas.
Há um abismo separando leitura quantitativa e leitura qualitativa. Ler por ler significa muito pouca coisa no contexto maior das coisas, a não ser pela capacidade de ler um documento que se está assinando (e será que se compreende o que se lê?) e pegar o ônibus correto para onde se quer ir. Isso é completamente diferente de ler ‘material de qualidade’ e lê-lo ‘com qualidade’. Do meu ponto de vista, então, 7/10 é uma visão otimista da situação real do país.
Mas o ponto curioso para mim é isso ser ‘notícia’. Aparentemente, a mídia incorpora uma tal notícia em seu espaço jornalístico como uma maneira de informar o público, trazer a população que a assiste à consciência. Afinal, há um aspecto educacional, gerador de consciência por parte da mídia, não? Ela está preocupada também com a educação do povo que a consume, não? Blablabla.
A mais potente forma de alcance diário a esses 7 entre 10 brasileiros que não sabem ler direito é a televisão. Esses 7/10 não lêem jornais, revistas, nem frequentam livrarias e bibliotecas. Afinal, não sabem ler. Muitos também não vão a escolas, possivelmente por acharem que já é tarde demais para isso. Não seria sensato utilizar esse meio já pronto e abrangente? Afinal, a mídia não lança notícias como essa, de ‘tão’ preocupada que ela é em servir bem seus consumidores? Mas além de esparsos programas na TV Cultura, alguém já viu um programa de alfabetização ou melhoria do nível de leitura em algum canal comercial? O fato é que tudo gira mesmo é em torno do dinheiro. Tais notícias aparecem porque cumprem seu papel no ibope, ou simplesmente para preencherem espaços vazios. Esse é mais um caso de ter os recursos e não usá-los, um caso exemplar de omissão. Ter recursos para ter um enorme impacto na sociedade e não fazer o mínimo uso dele; e ainda por cima tornar a notícia uma parte de sua programação, ao mesmo tempo em que omitindo sua própria parte no problema. E os anunciantes que lá aparecem têm igualmente uma parte nisso. É melhor ter mais expectadores vendo programas de baixa ou nenhuma qualidade do que menos, mas cumprindo seu dever para com o próximo. E isso abre para uma reflexão correlata sobre o termo mais conhecido no Buddhismo e um de seus significados que, de forma estranha, raramente, se algum vez, é mencionado ou sequer conhecido por parte dos buddhistas e de seus livros. Isso será o tema da próxima folha….
será um prazer sempre contar com sua visita, Leper.
Parabéns pelo Blog, vi o link na comunidade Budismo do Orkut!
Voltarei aqui mais vezes pra confirir seus belos textos.
[]s
Leper
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