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no parque nacional

Hoje mais duas alemãs se juntaram ao que será um dia inteiro dentro do parque. Muitos animais e insetos supostamente poderão ser vistos hoje, mas há apenas uma certeza: os milhares, ou provavelmente milhões de sanguessugas certamente estarão esperando por nós, ainda mais sendo a estaçao das chuvas. Ontem perguntei ao guia sobre o escorpião verde gigante que tem aqui. Perguntei se era venenoso. Isso foi o que me respondeu: “Não é venenoso…(pausa de 3 segundos)…bem, não muito”…
Depois da entrada, a pickup vai parando em vários lugares que dependem do “olho” do guia. Como ontem, é impressionante como eles são treinados para perceber coisas que normalmente nós não percebemos. O primeiro é um pássaro, um hornbill, muito semelhante ao tucano, mas cujo corpo é preto e branco e o bico amarelo. Ele está no alto de uma árvore, perto de uma cascata. Há quatro espécies de hornbill no parque e são um dos símbolos de seus símbolos. No chão ao nosso lado, bem mais fácil de se ver, uma bela borboleta preta com manchas azuis. É uma papillon paris paris, como pude aprender quando mais tarde paramos no centro de exposiçao do parque, onde se encontra uma mostra com os tipos de animais, esqueletos, e outros detalhes.
Há muitos tipos de macacos a serem vistos. Alguns bem grandes. Vários carregam seus filhotes enquanto fazem malabarismos nos galhos. Em alguns lugares encontramos pickups carregando outros guias e seus passageiros. Ao avistar um novo bicho, a excitaçao é geral, não apenas por parte dos estrangeiros, mas também dos guias. Carregando binóculos potentes, através dos quais podemos mesmo fotografar, eles se esmeram em captar o melhor ângulo dos nossos parentes próximos.
Ainda pela manhã, é hora de adentrar a pé pela mata, por cerca de 3 horas, a fim de descobrir o que tem por lá. Quem sabe encontramos elefantes, veados e mesmo algum tigre esfomeado? Infelizmente nada tão grande foi encontrado nessa caminhada. Alguns sapos minúsculos e camuflados, aranhas coloridas, uns pássaros, lagartos, caracóis e, é claro, centenas de sanguessugas espalhados pelo solo, empinados, alertas, esperando os incautos turistas cheios de sangue nutrido por comida mineira, salchichas e chucrute e vinho frances. No início da caminhada nos é dado um par de “meias anti-sanguessugas”, já numa antevisão do que nos espera. Os meiões vão até a canela. Mas nem por isso os sanguessugas são intimidados. Eles sobem pelo tênis, pelas meias, pela calça, incansáveis na sua busca por carne fresca. O primeiro a sucumbir é um dos franceses. Quando percebeu, um fio contínuo de sangue jorrava de suas axilas (pois é, um sanguessuga subiu até lá!). O bicho já tinha desaparecido, saciado. O sangue não pára, pois, suponho, alguma substancia é inoculada para evitar a coagulaçao. Eu brinco com ele que ainda resta uma hora de vida, depois do ataque do sanguessuga, e que deveria aproveitar para se deleitar nos bolinhos de arroz grudento cozidos no leite de coco e açúcar que o guia trouxe para o grupo. Curiosamente, desde ontem é nesse frances que os pernilongos se concentram e nota-se nele um nítido desprazer por insetos de qualquer tipo. Mas passou uma hora e nada aconteceu. Entre um tombo alemão devido ao declive do solo molhado, marcas de garras de ursos subindo nas árvores e um lanche de tofu e legumes no alto de uma casa de madeira contruída em forma de torrre, é a vez de outra francesa sucumbir aos sanguessugas. Atingida no tornozelo, o danado do bicho conseguiu de alguma forma passar pela meia, causando uma mancha vermelha se esparramar na região.
Entre mortos e feridos, terminada a caminhada, é a vez de visitar uma cachoeira, comer amendoim com peixe frito e iniciar a caçada aos elefantes. Conseguiremos encontrá-los, indaga o guia? Cruzamos o parque, passando por veados e famílias imensas de macacos. São quase cinco horas da tarde e finalmente quatro elefantes são vistos andando pela estrada. Todos ficam contentes. Fotografias são tiradas. É sempre bom ver essas criaturas corpulentas que atraem a simpatia de todos onde quer que estejam. Símbolo oriental da sabedoria, o elefante basicamente inspira admiraçao e respeito. Dois dias atrás ouvi a história de que um monge, acho que no ano passado, estava andando pelo parque com seu assistente laico. O monge era reconhecido como tendo uma ‘aura’ forte, advinda de sua prática meditativa. O elefante se aproximou do monge, o qual, irradiando boa vontade, fazia com que a criatura sentisse sua paz. O laico, excitado pela evidência dos poderes do monge, não perdeu tempo em tirar uma foto de magnífico evento. Vários dias depois os corpos de ambos foram encontrados. A última foto da câmera, tirada com flash, mostrava o que provavelmente aconteceu.
E é assim que resolvemos ir embora, satisfeitos pela missão cumprida de achar elefantes. Mas no caminho de volta a pickup pára subitamente. Na floresta ao lado, movimentos são vistos. Um elefante está lá, imenso, comendo as folhas de uma árvore. Não, dois elefantes estão lá. Tres, quatro, muitos! O guia recomenda não saírmos do carro. Alguns dos paquidermes olham desconfiados. Que criaturas são essas tirando foto na hora de nosso jantar? As máquinas dos franceses já não tem mais bateria. As alemãs resistem, bem como a brasileira. De repente, toda a manada resolve atravessar a estrada bem à nossa frente. Uma das francesas pega minha máquina e registra em vídeo. São dez elefantes, entre adultos e filhotes, que de repente surgem à frente, atravessando impávidos para o outro lado da floresta. O dia está completo. Nem mesmo os raios e trovoadas que despejaram-se sobre nós ao saírmos do parque, e cujas águas geladas nos encharcaram por todo o caminho de volta, conseguiram retirar o contentamento.

Marcações:

4 comentários em “no parque nacional”

  1. 🙂
    Que lugar…
    Também vou querer ver as fotos!
    E o vídeo também!

    Abraços, Daniel

  2. Vixi…..tudo isso aconteceu em dois dois ???? São qtas sanguessugas pra cada turista ?????
    Abs. Fátima

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