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“Eco-monges” buddhistas trabalham para proteger o meio-ambiente na Tailândia

de Mongabay.com

por BD Dipen

Com o desenvolvimento e o crescimento econômico da Tailândia, manter o delicado balanço ecológico da Nação permanece como um grande desafio. Como consequência da grande taxa de desmatamento das florestas e implementação de muitos projetos de reservatórios de água, o país vem sendo constantemente atingido por secas e enchentes. Mas alguns monges buddhistas estão ativamente trabalhando para proteger o meio-ambiente por meio da integração de princípios buddhistas com a consciência ambiental, consultando membros do governo acerca dos problemas ambientais e executando projetos sustentáveis, tais como a instalação de painéis solares nos templos buddhistas e auxiliando os habitantes dos vilarejos a formar fazendas ambientalmente amigáveis, utilizando materiais naturalmente presentes no seu meio.

“Existem lugares no norte da Tailândia, especialmente na província de Nan, onde houve um desmatamento muito intenso, e as bacias hidrográficas estão contaminadas com lama, lodo e resíduos de pesticidas, causando maiores inundações na estação chuvosa, e seca mais intensa na estação de estiagem” – disse Gordon Congdon, gerente de programas de conversação para a WWF da Tailândia .

As atividades de conservação do meio-ambiente realizadas pelos monges na região norte da Tailândia também incluem a realização de cerimônias de ordenação das árvores. A ordenação das árvores, adotadas com base em práticas buddhistas ancestrais, é bastante popular em países com maioria buddhista com o objetivo de reduzir o desmatamento e estabelecer reservas de vida selvagem. As árvores recebem a ordenação monástica e são enroladas nos icônicos mantos cor de açafrão usados pelos monges da tradição Theravāda, tornando-as sagradas e assim protegendo-as de danos, destruição e desmatamento.

“Gerar méritos é extremamente importante para os buddhistas tailandeses”, disse a Dra. Susan Darlington, professora de Antropologia e Estudos Asiáticos no Hampshire College, em Massachussets e autora de “The Ordination of a Tree : The Thai Buddhist Environmental Movement (Suny Press, 2013). “Eles veem isso (a cerimônia de ordenação das árvores), como um ato de gerar méritos, que pode ajudar com o renascimento e em alguns casos a ter uma vida melhor agora” (Mongabay).

Em uma ação para gerar mérito e proteger o meio-ambiente as árvores recebem a ordenação buddhista e são enroladas com o manto cor de açafrão dos monges. De humanlife.asia.

A Dra. Chaya Vaddhanaphuti, professora de Geografia na Universidade Chiang Mai, cujos estudos de PhD focaram em mudanças climáticas, disse que um dos problemas ambientais mais danosos na Tailândia moderna é a falta de conhecimento e de consciência. “Quando em vivi com os fazendeiros durante meus estudos de PhD, eles nunca usaram o termo “mudança climática” – ela recorda. “No entanto, eles sabiam que o clima tinha mudado pela forma como as suas fazendas estavam sendo afetadas” (Mongabay).

Para ensinar os fazendeiros acerca da necessidade de proteger o maio-ambiente, Phrakhu Sangkom Thanapanyo Khunsuri, um importante eco-monge que vive em Chiang Mai, estabeleceu uma escola tradicional para fazendeiros no seu templo na província oriental de Chonburi, denominada Centro Maab-Euang de Meditação para Economia Sustentável. Com 49 estudantes em tempo integral este ano, Phra Sangkom está ensinando conceitos buddhistas de reflexão pessoal e uma teoria chamada “economia sustentável desenvolvida pelo falecido monarca Bhumibol Adulyadej, que promove cultivo de subsistência, encoraja a auto-suficiência e ensina o desapego do materialismo e do consumerismo.

“Se as pessoas compreenderem que a floresta dá a elas oxigênio, água e bons alimentos, remédios e roupas, você acha que elas irão ajudar a protegê-la ?”, Phra Sangkom pergunta. “Naturalmente”.

Na capital da Tailândia, Bangkok, outro eco-monge, Phrakhu Win Mektripop, que possui um mestrado em economia ambiental pela Universidade tailandesa Chulalongkorn, enfatiza uma das ligações diretas entre buddhismo e defesa do meio-ambiente. Buddha nasceu embaixo de uma árvore e obteve sua Iluminação também embaixo de uma árvore. O seu primeiro sermão foi sob uma árvore. Podemos ver que a maioria de sua vida estava ligada à floresta” (Asian Correspondent).

Entretanto Congdon, da WWF, observa que à medida que a Tailândia continua a se desenvolver de um país de baixa renda para um país de maior renda, a sustentabilidade tem sido deixada de lado. Muitas grandes corporações e conglomerados, tais como o grupo Charoen Pokphand, estão aproveitando o crescimento econômico e o aumento da procura do comércio, e encontraram fazendeiros locais para se engajar na produção em massa com práticas de monocultura para alimentos básicos como milho e arroz. “Eles plantam e colhem o milho, vendem para as grandes empresas e conseguem apenas dinheiro suficiente para pagar suas dívidas”, explica Congdon. “Isso cria um ciclo vicioso de dependência das grandes companhias e os fazendeiros nunca irão prosperar, levando ao mesmo tempo a um maior desmatamento” (Asian Correspondent).

O eco-monge Phrakhu Sangkom Thanapanyo Kunsuri em sua fazenda na província tailandesa de Surin, onde ele encoraja e ensina práticas agrícolas sustentáveis. (de mongabay.com)

Muitas universidades e ONG’s estão também engajadas no ensino e disseminação de valores de defesa do meio ambiente baseados nos ensinamentos buddhistas, para os camponeses e fazendeiros locais. Somboon Chungprampree, diretor executivo da Associação de Buddhistas Engajados, com sede em Bangkok, uma organização que está trabalhando para unir ativistas sociais e ambientalistas, buddhistas e não buddhistas por toda a Ásia e em todo o mundo, explica : “Estamos procurando uma forma de trazer os buddhistas que estão apenas sentando e meditando para lidar diretamente com o sofrimento das pessoas no mundo. Não há apenas o sofrimento pessoal; há um sofrimento social e ambiental lá fora, e as pessoas precisam ver como podem ajudar sendo buddhistas” (Mongabay).


Traduzido por Rodrigo Lopes do Grupo de Tradução do Centro Nalanda
do original ‘Buddhist “Eco-monks” Work to Protect Thailand’s Environment’ em acordo com os editores
Para Distribuição Gratuita
© 2018 Edições Nalanda


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